segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

O Outro Lado Da Moeda 2 - Abrindo um pouco mais os olhos


Pré-requisito (obrigatório): O Outro Lado da Moeda 1

Autor: Gustavo Spina

O corpo humano é uma máquina quase perfeita, que nos abre um leque enorme de possibilidades e nos propicia muitas vantagens em relação a diversos outros animais. Dentre as várias ferramentas que este invólucro nos oferece, uma das mais importantes, além do cérebro, unidade principal para praticamente todas as funções, são os OLHOS. Com eles podemos perceber e olhar tudo o que está a nossa volta, nos permitindo identificar, reconhecer, padronizar, entre outras diversas ações. Porém, é importante que saibamos, desde já, que olhar e enxergar são totalmente diferentes de VER, ação que, ao contrário de simplesmente olhar, necessita de muito mais do que apenas um par de olhos.

Da mesma forma como nos é apresentada uma imagem de uma paisagem, e nós enxergamos um enorme rosto, ou quando olhamos círculos de tamanhos iguais, no meio de círculos de tamanhos diferentes e achamos que um é maior que o outro, nas famosas ilusões de ótica ilustradas abaixo, não conseguindo ver, ao menos a princípio, que aquela imagem é apenas uma paisagem ou que os círculos têm o mesmo tamanho, este mesmo processo ocorre com as informações apresentadas a nós. Como dito no texto anterior, estamos acostumados a olhar apenas um lado, a admitir como verdade a informação que chega a nós, totalmente despreocupados em procurar saber mais, em ver outros pontos de vista. Por mais que uma notícia pareça ser verdadeira, ou que dois casos pareçam diferentes, assim como nas ilusões de ótica, se analisados com calma, ou por outros pontos de vista, podemos facilmente nos admitir enganados, ao descobrir, surpreendentemente, que aquela notícia não era verdadeira, ou que aqueles dois casos tratavam sim do mesmo assunto.



E por falar em nos admitirmos enganados, cabe aqui uma colocação de enorme serventia para nós, no decorrer dos próximos textos. Suponha que você tenha aprendido desde criança que o resultado da soma dos números um e dois seja cinco, logo, pelo que você sabe e acredita: 1+2=5, o que obviamente não é verdadeiro. Suponha que você aprenda isto com seus pais e não tenha mais contato com outras pessoas, ao menos sobre este assunto. Até que, depois de quinze anos, você finalmente conversa com um professor, ou matemático, que utilizando de qualquer artifício matemático básico, prova facilmente que sua afirmação é falsa, mostrando que aquilo que você acreditou durante quinze anos de sua vida não passava de uma mentira. Provavelmente sua ação imediata seja de discordância, de não aceitação, de não acreditar que aquilo é mentira. Porém, você não tem escolha, os argumentos e evidências utilizadas por ele provaram que você estava errado. Continuar afirmando que aquele resultado é verdadeiro, não desfará aquela prova, tampouco validará sua afirmação como verdadeira, por mais que você insista. Logo, você deve aceitar que esteve enganado por todo esse tempo, deve admitir estar errado. E este é o ponto principal: ISSO NÃO DEVE SER DIFÍCIL, TAMPOUCO MOTIVO DE TRISTEZA! Devemos estar sempre prontos para mudanças em nossas crenças e opiniões, e quando isto ocorrer, deve ser motivo de alegria, afinal, agora você sabe qual é a verdade, agora você não acredita mais naquela antiga falsa afirmação, seu conhecimento elevou-se, tornando você uma pessoa mais sábia. Nós associamos, erroneamente, estar ENGANADO com FRACASSAR, quando na verdade são situações completamente opostas. Com isto podemos continuar.

Outra vertente deste pensamento é a de que nossos olhos podem nos tendenciar, nos direcionando a enxergarmos apenas o que, inconscientemente, queremos. Isto também pode ser ilustrado, assim como fizemos com as ilusões de ótica, mas dessa vez com borrões de tinta e vultos. Não é por acaso que temos uma grande tendência a ver mais vultos após assistirmos um filme de terror, assim como não é por acaso que alguns psiquiatras utilizam aquelas folhas, com borrões de tinta, para saber um pouco mais sobre seu paciente. Em ambos os casos, nossos olhos nos direcionam a vermos aquilo que “queremos”, ou o que está em nossas cabeças, embora provavelmente não exista vulto algum, assim como aquele borrão de tinta não passa de um borrão de fato, sem nenhuma forma específica. Seguindo o paralelo com as informações feito anteriormente, podemos inconscientemente enxergar uma notícia ou informação de uma forma com a qual sequer existe, ou sem a mínima coerência. Um bom exemplo disto é quando a informação contraria ou apoia alguns de nossos princípios ou crenças. Desta forma, nos pegamos apoiando crimes atrozes feitos em nome da vingança, por pessoas que foram primeiramente lesadas e se vingaram dos criminosos, sem vermos que, embora o primeiro crime tenha nos chocado e o criminoso realmente mereça punição, assim como o lesado merece justiça, na maioria desses casos, a justiça não está sendo feita, e aquela pessoa está apenas se igualando a quem a lesou primeiramente, tornando-se mais um criminoso, que, por nos despertar este mesmo sentimento de fazer justiça com as próprias mãos, recebe nosso equivocado apoio. Outro exemplo bastante ilustrativo é o quão chocados nós ocidentais, ficamos com a informação de como alguns dos orientais se alimentam de cachorros, ao mesmo tempo que a população da Índia, país onde a vaca é sagrada, provavelmente fica chocada com a informação de como alguns de nós nos alimentamos deste mesmo animal, e isso mostra como e quanto os nossos olhos podem direcionar e transformar as informações.

A importância dessa discussão se dá ao fato de que as informações já chegam a nós, na maioria dos casos, não apenas de forma tendenciosa, como também, propositalmente, de forma a mostrar mentiras, sendo falsas, e os motivos que justificam esta afirmação são relativamente simples de serem explicados. Desde que entramos no século XXI, o advento da globalização praticamente transformou o antigo planeta Terra em outro completamente diferente. Tudo mudou: desde o estilo de vida de cada um, o padrão de bens de consumo, o poder de aquisição dos indivíduos, até os pré-requisitos para um bom profissional, entre várias outras mudanças. No meio desta grande mudança, evidencia-se um acesso extremamente maior e instantâneo a qualquer tipo de informação, de qualquer lugar do mundo. Com isto, a mídia global ganhou uma força de magnitudes imensuráveis. Temos contato com informações quase que todos os segundos dos nossos dias, seja por outdoors, internet, rádio, televisão, revistas, entre outras fontes de informação que se difundiram e fazem parte da vida de quem, há poucos anos, não tinha acesso sequer a uma televisão.

Com esta força que ganhou, e com a credibilidade que os preguiçosos e despreocupados olhos da população a garantem, não fica difícil perceber que a mídia se tornou uma arma ainda mais eficiente na mão dos governantes. Com ela, na atual situação, eles podem transmitir as informações do jeito que quiserem, tão falsas quanto puderem, para o propósito que quiserem, com a segurança e a certeza de que, ainda assim, terão a aceitação e até aprovação de grande parte da população, tornando muito mais fácil a realização de seus objetivos. Para ilustrar, como de costume, vamos a um exemplo.

Suponha que você seja um governante, desprovido de qualquer resquício de caráter, e queira desviar dinheiro público, sobretudo daquela quantia que vem dos impostos. O que você faz? Simples: Com a ajuda da mídia, omita o maior número de informações sobre política possível, para que ninguém saiba de nada. Enquanto isso faça a população distrair-se com outras coisas, como reality shows, espetáculos, telenovelas, etc. Para a pequena parcela restante, que ainda assim procura saber como anda a política de seu país, divulgue falsas notícias, enaltecendo obras ou melhorias feitas com o dinheiro dos impostos, manipulando informações e dados de pesquisas e, não se esqueça de, no período de eleições, prometer mais melhorias ainda do que aquelas que “já foram e estão sendo feitas”. Desta forma o ciclo está completo. Você tem um objetivo ou propósito (desviar dinheiro público), algumas condições (sem que quase ninguém saiba/dinheiro dos impostos) e com algumas ferramentas (mídia), você pode, muito mais facilmente, alcançar seu objetivo. Qualquer semelhança com nosso país é não é uma mera coincidência. Exemplos reais deste esquema serão também mostrados detalhadamente em próximos textos.

Com isto podemos ver o quão importante pode ser ABRIRMOS UM POUCO MAIS OS NOSSOS OLHOS, para que possamos ver mais além do que nos é mostrado, e de forma mais atenta e cuidadosa. O quão importante é para uma sociedade melhor, para um mundo melhor, um melhor uso desse nosso instrumento tão poderoso, composto basicamente da córnea, íris e pupila. Podemos ver também que o melhor uso de nossos olhos não depende só deles mesmos, mas de nossa cabeça, de nosso cérebro, que deve trabalhar constantemente no processamento de tudo o que enxergamos, transformando o simples olhar em um poderoso VER. Finalmente, desta forma, olhando tudo de olhos mais abertos, com outros pontos de vista, estaremos sendo pessoas mais sábias, mais coerentes, podendo sim ver toda a sujeira debaixo do tapete, para que então possamos detectar os verdadeiros problemas, entende-los e finalmente lutar contra, tentar mudar as coisas, tentar transformar o mundo em um lugar melhor, sabendo também o quão grandiosa é a importância de ver O OUTRO LADO DA MOEDA.

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